Por Daniel Segal
REDE ARGENTINA, 8 oct – A cena punk portenha do final dos anos 90 esteve presente neste fim de semana no C Art Media, na capital argentina, com a presença de bandas que fizeram história no “underground” de Buenos Aires e que ainda estão presentes no imaginário do público local. Cienfuegos, Pez e Semilla de Maldad, entre outros, deram vida ao Strummer Fest.
A jornada começou com o rockabilly da Semilla de Maldad e o pop punk do jovem Nikko, duas propostas mais do que interessantes do novo rock alternativo de Buenos Aires. Em seguida, Fantasmagoria lançou seus clássicos «Cavalos negros correm pela noite», «As coisas reais», e a célebre «Eu nunca estou certo», uma declaração de princípios transformada em um hino para seus fãs.
Entre o fim do show de uma banda e o início de outra, as pessoas passeavam pelos diferentes estandes da feira, que ofereciam todo tipo de produtos – a destacar a variedade e o design das camisetas da Barnes e a gentileza de Carlos e Soledad -, merchandising oficial das bandas e comida, tudo a preços razoáveis, algo impensável em festivais menos “alternativos”.
Em seguida, foi a vez do Dum Chica, um power trio com um estilo de som que flerta entre o garage e um som Stone. Como o Fantasmagoria, trocam a guitarra elétrica por um violão tradicional, mas o baixo e a bateria são os principais protagonistas dessa jovem banda que continua apostando na distorção como característica.
Lucho al A77aque deu início a um set list claramente dedicado à lendária banda punk argentina Attaque 77. Foi um momento para que todos os fãs do estilo voltassem à sua juventude, nos anos 90, quando a Argentina era um vibrante viveiro de vozes de protesto no cenário do rock. Attaque 77 gravou nos anos 90 uma versão punk em espanhol do clássico «Amigo», de Roberto Carlos, música dedicada a Erasmo Carlos.
O Strummer Fest é organizado pelo bar homônimo, de Lucho Scaligione e Leo De Cecco (ex Attaque 77), juntamente com Sergio Rotman (ex Fabulosos Cadillacs e atual Cienfuegos). Scaglione, o líder do projeto, foi o responsável pela organização do evento, informou o site de notícias TN.
Pez subiu ao palco com o vocalista e líder Ariel Minimal explicando que ele era disfônico e que eles tentariam fazer o melhor possível. Os fãs não pareciam ouvi-lo e a festa começou com “Fuerza”, literalmente, um dos clássicos da banda do segundo álbum “Quemado”.
Finalmente, toda vez que o Cienfuegos (que se separou em 2007) volta, seu vocalista Sergio Rotman deixa claro que eles não estão voltando por amor ou nostalgia, mas por causa da impossibilidade de se recusar a fazer um show com uma demanda tão alta de ingressos, alimentando assim o estranho fenômeno que acontece com essa banda, cujos membros não se dão bem uns com os outros, mas que atraem mais pessoas depois de se separarem do que quando estavam em plena atividade.
O final foi uma versão arrasadora de “Love Will Tear us Apart”, um hino da extinta banda britânica Joy Division. Após o festival, muitas pessoas ficaram para curtir o DJ set “Uno x Uno”, fazendo com que aqueles que ainda tinham alguma energia dançassem em uma noite que parecia uma verdadeira viagem no tempo…
Fotos: @ambarvioletaph1