REDE ARGENTINA, 26 NOV —  O presidente eleito Javier Milei convidou  o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para sua cerimônia de posse, em uma carta entregue pessoalmente neste domingo em Brasília pela ministra das Relações Exteriores designada, a deputada eleita Diana Mondino, ao chanceller Mauro Vieira.
«Ambas nações têm muitos desafios pela frente e estou convencida de que uma mudança nas esferas econômica, social e cultural, baseada nos princípios da liberdade, nos posicionará como países competitivos nos quais seus cidadãos podem desenvolver suas capacidades ao máximo e, assim, escolher o futuro que desejam», diz um trecho da carta de Milei a Lula da Silva.
Mondino se reuniu no gabinete do ministro  Vieira, em Brasília, acompanhado do embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, e do embaixador brasileiro em Buenos Aires, Julio Bitelli, com o objetivo de aproximar posições do principal parceiro comercial do país.A carta convida Lula para a cerimônia de posse depois que surgiram divergências porque o candidato do La Libertad Avanza chamou o brasileiro de «ladrão» e «comunista furioso» durante a campanha eleitoral.

«Estou enviando a Vossa Excelência esta mensagem, com minhas cordiais saudações e para transmitir meu convite para que me acompanhe, no dia 10 de dezembro, nos eventos que aqui se realizarão por ocasião da minha assunção ao Comando Presidencial», diz a carta entregue por Mondino.
A informação foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que emitiu um comunicado afirmando: «A deputada eleita e ministra das Relações Exteriores nomeada pelo governo Milei, Diana Mondino, está em Brasília para uma reunião de trabalho com o ministro Mauro Vieira. Na ocasião, ela entregou o convite do presidente eleito Javier Milei para que o presidente Lula participe da posse em 10 de dezembro».
A aproximação entre o futuro governo de Milei e Lula ocorre depois que o ministro da Comunicação Social do Brasil, Paulo Pimenta, disse que o presidente brasileiro concordaria em telefonar para ele nas eleições assim que ele se desculpasse por seus comentários de campanha.
Na quinta-feira passada, o assessor especial do Brasil para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse acreditar que Lula não compareceria à posse de Milei por ter sido ofendido durante a campanha em termos pessoais.
Na carta, Milei reafirmou a relação histórica e econômica entre a Argentina e o Brasil.
«Sabemos que nossos dois países estão intimamente ligados pela geografia e pela história e, portanto, desejamos continuar compartilhando áreas de complementaridade, em termos de integração física, comércio e presença internacional, o que permitirá que todas essas ações se traduzam, de ambos os lados, em crescimento e prosperidade para argentinos e brasileiros», diz a carta.
E termina: «Espero que nosso tempo juntos como Presidentes e Chefes de Governo seja um período de trabalho frutífero e de construção de laços que consolidem o papel que a Argentina e o Brasil podem e devem desempenhar no concerto das Nações».
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos, e a visita de Mondino ocorre às vésperas de uma reunião de negócios entre líderes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da União Industrial Argentina em Brasília.

O presidente Lula, ao abrir o planejamento para assumir a presidência do G-20 por um ano, criticou esta semana as ações do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Argentina, para a qual ele pediu uma reforma das organizações multilaterais de empréstimo.
Lula disse que estava disposto a chegar a um «acordo» sobre as relações com a Argentina de Milei, dizendo que não era obrigado a concordar com seus colegas líderes sul-americanos.
O ex-presidente Bolsonaro disse na última quinta-feira que, se Lula comparecer à posse de Milei, ele será «vaiado» pelos argentinos do novo governo.
«Se o Lula for (à posse) vai ser vaiado», disse Bolsonaro ao jornal Folha de S. Paulo, ao comentar a possibilidade de tanto ele quanto o atual presidente brasileiro comparecerem à cerimônia de posse de Milei em Buenos Aires.
O comentário foi feito depois que Milei disse na quarta-feira que Lula «será bem-vindo» caso decida comparecer à cerimônia de posse representando o Brasil.

 

 

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