(Rede Argentina) 19 set — Centenas de pequenas e médias empresas argentinas conseguiram se internacionalizar pela primeira vez no mercado brasileiro, que encontra nos produtos argentinos produtos confiáveis, de qualidade e vantagens competitivas, afirmou a ex-ministra da indústria Debora Giorgi em uma coluna para  Rede Argentina.

«Variedade, qualidade, serviço, proximidade geográfica e uma perspectiva de câmbio Brasil/Argentina favorável para o nosso país são alguns dos determinantes mais importantes para que varejistas, redes de supermercados e importadores brasileiros se interessem em «garantir» o abastecimento argentino para seus negócios», aponta a economista.

Giorgi é líder da área internacional da Federação Argentina de Municípios (FAM), que abriu o mercado de São Paulo e de outras regiões do Brasil para pequenas e médias empresas da Argentina, que, segundo ela, fazem parte da nova geopolítica das cadeias regionais de valor diante da nova ordem que está sendo desenhada no comércio internacional.

A INDÚSTRIA ARGENTINA É UM PORTO SEGURO PARA O BRASIL Por Débora Giorgi*

O Brasil comprou da Argentina mercadorias no valor de U$S 38,1 bilhões de janeiro de 2020 a junho de 2023, o que significou um crescimento de 9% em relação a janeiro de 2016 a junho de 2019, apesar de ter passado pela maior contração do comércio internacional das últimas décadas em decorrência da pandemia da COVID-19. Esse crescimento não se deve apenas aos melhores preços internacionais e ao excelente trabalho do nosso embaixador Daniel Scioli e sua equipe, mas também às tendências globais que a pós-pandemia gerou no comércio.

O desarranjo das cadeias produtivas globais baseadas na Ásia, somado aos graves problemas na gestão dos portos asiáticos e de todo o mundo, foram decisivos para que as empresas multinacionais decidissem não só impulsionar a produção local em setores estratégicos, mas também promover a integração regional em suas cadeias produtivas, tornando-as mais «curtas». Em outras palavras, os acordos comerciais regionais foram revalorizados tanto em nível empresarial quanto governamental.

Soma-se a isso a política energética da Argentina, que favoreceu fortes investimentos para fornecimento local e exportações. No caso do Brasil, a eletricidade e o gás natural, que voltarão a ser exportados em 2021, atingem quase US$ 1 bilhão em vendas anuais somente para o Brasil.

É esse contexto que «incentiva» milhares de pequenas e médias empresas argentinas a entrar ou aprofundar sua inserção no mercado brasileiro, que é seu primeiro destino de exportação de produtos manufaturados. É também o que incentiva os compradores brasileiros.

As empresas brasileiras expressam seu interesse em vários setores, sendo o setor de alimentos muito relevante.

Os vinhos competem não apenas em preço, mas também em qualidade e variedade, dando às lojas e prateleiras de vinhos a possibilidade de uma ampla gama de produtos, o que é muito apreciado. Tanto as massas frescas quanto as secas são muito bem aceitas, e parte da vantagem da Argentina está no preço, mas ela também tem a capacidade de oferecer embalagens diferentes e até mesmo o design de uma marca especial, ou de fornecer a marca solicitada «pronta» para ser colocada nas prateleiras. No caso do queijo, os preços e a capacidade de oferecer o tipo de queijo «em barra» para ser porcionado, como o queijo azul gourmet, são, sem dúvida, fatores determinantes na escolha do comprador brasileiro.

Deve-se fazer uma menção especial às inovações, como a venda de purê de batatas congeladas para uso industrial ou mini garrafas de gim colorido.

As PMEs argentinas também avançaram no estabelecimento de investimentos no Brasil, seja por conta própria, mais frequentemente no caso de autopeças para reposição, seja compartilhando com parceiros brasileiros, no caso de máquinas e equipamentos e materiais de construção.

A inovação nos processos de produção para segmentos de nicho é uma das vantagens nesse segmento, o que fez com que os investimentos no país vizinho fossem bem-sucedidos, apesar da concorrência.

Em resumo, variedade, qualidade, serviço, proximidade geográfica e uma perspectiva cambial Brasil/Argentina favorável ao nosso país são alguns dos determinantes mais importantes para que varejistas, redes de supermercados e importadores brasileiros se interessem em «garantir» o fornecimento argentino para seus negócios. –

* Economista e política argentina
Ex-ministra da Indústria da Argentina
Atual secretária de Produção do Município de La Matanza.
Consultora na Área Internácional e de Desenvolvimento da Federação Argentina de Municípios (FAM).

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