(Rede Argentina) — O ministro da economia da Argentina e candidato governista à presidência,, Sergio Massa, recebeu o apoio do governo brasileiro na segunda-feira para acelerar o comércio bilateral, apesar das baixas reservas do Banco Central da Argentina causadas pela dívida com o Fundo Monetário Internacional e das restrições causadas pela pior seca da história.
Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Massa conseguiu que o Brasil concordasse com uma fórmula para garantir a exportação de 200 empresas para a Argentina, especialmente nos setores automotivo e alimentício.
O Banco do Brasil, estatal, garantirá aos exportadores brasileiros o pagamento pela venda de seus produtos à Argentina, que será coberta por um acordo de 500 milhões de dólares a ser concedido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
Massa chegou ao terceiro andar do Palácio do Planalto com a camisa da seleção argentina campeã da Copa do Mundo de 2022, no Catar, para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe explicou alguns detalhes dos bastidores de como a Argentina conseguiu se tornar um dos países convidados a integrar os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a partir de 1º de janeiro.
Massa fez uma visita de um dia a Brasília como parte da busca de apoio para seu projeto eleitoral, mas também como ministro de uma economia aprisionada por compromissos com o FMI em decorrência de uma dívida de 44 bilhões adquirida em 2018 pelo governo de Mauricio Macri.
Em uma coletiva de imprensa, Haddad indicou que «o Banco do Brasil garante aos exportadores brasileiros suas vendas para a Argentina e a CAF opera com uma contragarantia sem a necessidade de a Argentina usar suas reservas».
Haddad assegurou que o Brasil mantém a oferta, em caso de necessidade, de fazer uma troca usando o yuan que a Argentina tem como reservas internacionais através de uma operação de câmbio em reais usando o Banco do Brasil em Londres.
Massa explicou que a diretoria da CAF se reunirá em 14 de setembro para aprovar o projeto de proteção das exportações brasileiras. Disse que o relacionamento com o Brasil é «indissolúvel» para a Argentina.
Um dos interesses mais importantes do Brasil é manter o fluxo de comércio com a Argentina para não perder terreno para a China, que, para evitar interrupções no comércio devido à escassez de reservas, fez um acordo de swap em yuan com o governo de Alberto Fernández.
Para Massa, a visita é um gesto político de alto nível com o principal parceiro comercial do país no período que antecede as eleições de 22 de outubro. O ministro e candidato defendeu a relação com o Brasil, o Mercosul e a participação no Brics, alertando que outros candidatos, como Javier Milei e Patricia Bullrich, repudiaram as relações com o fórum de grandes países emergentes que representam 46% da população mundial.