(Rede Argentina) — O ministro da Economia e candidato à presidência da Argentina, Sergio Massa, discutirá com seu colega brasileiro, Fernando Haddad, o uso do yuan no comércio bilateral com o Brasil, em uma viagem considerada fundamental para o respaldo institucional das reservas do Banco Central diante da atual crise da dívida com o Fundo Monetário Internacional.

Massa se reunirá nesta segunda-feira com Haddad no Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios, e depois atravessará a avenida para se encontrar no terceiro andar do Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Será a primeira reunião de alto nível depois que Lula fez o convite para a Argentina se juntar ao novo grupo de países para integrar o mecanismo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na cúpula da semana passada em Joanesburgo.

Massa disse que o objetivo de sua viagem seria «colocar em prática um mecanismo para apoiar o financiamento das importações do Brasil para a Argentina, para aliviar ainda mais o uso das reservas». Esses acordos para escapar do uso de dólares reservados para pagar a dívida adquirida em 2018 pelo ex-presidente Mauricio Macri fazem parte da estratégia de Massa para dar incentivo financeiro ao governo, em meio à campanha eleitoral de 22 de outubro.

O ministro Haddad confirmou que propôs à Argentina pagar as exportações brasileiras em yuan, para não depender das reservas em dólar do Banco Central e manter o fluxo do comércio bilateral.

«Enviamos ao governo argentino uma proposta para garantir as exportações brasileiras em yuan. Para os exportadores brasileiros é uma coisa boa, será uma boa notícia se a Argentina aceitar», anunciou Haddad, que garantiu que a transação afastará o espectro da inadimplência que assombra 200 empresas exportadoras brasileiras com problemas de cronograma de pagamento.

A operação envolve a conversão direta do yuan em real pelo Banco do Brasil em sua filial europeia em Londres, em um total de até 140 milhões de dólares. A Argentina mantém yuans como reservas como resultado de um swap cambial executado pela China para não enfraquecer o comércio bilateral,

Em maio, o presidente Alberto Fernández e seu colega Lula da Silva discutiram em Brasília as possibilidades de financiar as exportações brasileiras, mas o Brasil estava buscando maiores garantias devido à falta de dólares da Argentina. Lula tentou, sem sucesso, fazer com que o Novo Banco de Desenvolvimento, o banco do Brics, financiasse as exportações brasileiras para a Argentina.

A entrada da Argentina no Brics e o uso do yuan como reserva para compensar o comércio do Brasil é um cenário sem precedentes que ocorre em meio às solicitações de ajuste do FMI para novos desembolsos de dinheiro para o governo de Buenos Aires. Lula disse que a entrada da Argentina no Brics é independente da campanha eleitoral e de seu relacionamento com a presidente Fernandez. O apoio de Lula a Massa foi dado em julho, durante a reunião do Mercosul em Puerto Iguazú.

Os principais candidatos da oposição de direita, como Javier Milei, do Libertad Avanza, e Patricia Bullrich, do Juntos por el Cambio, anunciaram que, se eleitos, bloqueariam a participação da Argentina no Brics.

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