Por Fabián Quintá, de Buenos Aires.

REDE ARGENTINA, 13  ago – A dívida externa do setor privado da Argentina totalizou US$ 106,815 bilhões no final do primeiro trimestre do ano, um aumento de 2,3% em relação ao trimestre anterior e de 20% em comparação com março do ano passado, informou o Banco Central.

Esse aumento na comparação ano a ano foi explicado «pelo aumento da dívida comercial, parcialmente compensado pelo cancelamento da dívida financeira», disse o banco em um comunicado.

Nesse contexto, e em apenas uma semana, duas grandes empresas, a distribuidora de eletricidade Edenor e a construtora Clisa, do Grupo Roggio, deram sinais claros de iniciar um processo de reestruturação de suas respectivas dívidas, o que antecipa movimentos semelhantes no setor privado.

A Compañía Latinoamericana de Infraestructura & Servicios S.A (Clisa) havia antecipado em março que se encontrava em uma «zona complicada» devido aos cortes nas obras públicas, à recessão e à inflação.

Em uma carta ao mercado de ações, ele informou que: «O Estado nacional argentino está avançando com um drástico plano de ajuste fiscal, baseado na redução dos gastos públicos e no aumento da carga tributária, e que inclui uma redução significativa na execução de obras públicas, incluindo projetos que já estão em andamento».

Além disso, «as características do sistema tributário argentino fizeram com que as províncias e os municípios também fossem afetados pelo ajuste fiscal em nível nacional» e paralisaram as obras.

Como resultado, «experimentamos no primeiro trimestre de 2024 uma queda acentuada na atividade econômica e, ao mesmo tempo, altos níveis de inflação, bem como alta volatilidade nas outras variáveis da economia, o que teve um impacto significativo nos números dessas demonstrações financeiras».

A Clisa – Roggio informou a seus credores que não pagará juros sobre os títulos negociáveis emitidos em 2021 no valor de US$ 358 milhões, cuja amortização estava programada a uma taxa anual nominal de 7,5%.

Essa notícia foi acrescentada à nomeação de Daniel Marx, especialista em sistema financeiro, como diretor da Edenor, a maior distribuidora de eletricidade do país, na área da Cidade de Buenos Aires e arredores.

Embora a situação da Edenor, que pertence ao grupo Vila-Manzano, seja diferente da da construtora – a empresa relatou lucros de US$ 107,58 bilhões no primeiro semestre de 2024 à Comissão Nacional de Valores Mobiliários e um lucro operacional de US$ 82,65 bilhões, graças aos aumentos de tarifas de quase 300% possibilitados pelo governo durante os primeiros sete meses deste ano – o fato é que a nomeação de Marx fala da necessidade de renegociar sua dívida.

Marx não é especialista no setor de energia, mas sim em negociação de dívidas, como fez para o estado nacional nos anos 90 e até a crise de 2001, inclusive, e para importantes grupos locais.

De acordo com fontes do mercado financeiro, Marx terá que colocar um título negociável de cerca de US$ 300 milhões para financiar os vencimentos da dívida de US$ 27 milhões em novembro e garantir fundos para o plano de investimento.

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