REDE ARGENTINA, 7 ago — Um protesto liderado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e outras organizações sociais foi realizad0 hoje em Buenos Aires, coincidindo com a celebração de São Caetano, o santo padroeiro do trabalho, depois que se soube que mais da metade dos argentinos são pobres e dois em cada dez são indigentes desde que Javier Milei assumiu a presidência, de acordo com um relatório da Universidade Católica Argentina (UCA) para o primeiro trimestre de 2024, com base em informações da Pesquisa Permanente de Domicílios do Instituto de Estatísticas e Censos (Indec, oficial).
O último relatório da UCA revelou que 55,9% da população argentina é pobre. Enquanto isso, a indigência ou extrema pobreza também atingiu níveis recordes, 20,3%, o que significa que uma em cada cinco pessoas não tem sequer a renda mínima para viver.
Esse é o nível mais alto dos últimos 20 anos e o dobro do máximo patamar atingido no governo de Carlos Menem (1989-1999), administração à qual o presidente Javier Milei se espelha.
Os dados correspondem ao primeiro trimestre deste ano e, portanto, medem as consequências do programa econômico de Milei, baseado na desvalorização do peso, no ajuste dos setores mais desfavorecidos, na desregulamentação econômica, na queda da atividade econômica, nas demissões em massa e no encolhimento acelerado do Estado.
A progressão da crise está em queda livre: a situação de emergência cresceu quase 11 pontos em relação ao quarto trimestre de 2023, no final do governo de Alberto Fernández, quando o número de pessoas nessa situação chegou a 45,2% da população, e a indigência, a 14,6%. A medição foi feita pelo Observatorio de la Deuda Social Argentina da UCA.
Os dados do relatório da UCA mostram que a cidade mais pobre do país é Resistencia, a capital da província de Chaco (norte) e sua região metropolitana: 79,5% dos habitantes de Gran Resistencia são pobres e 38,6% são indigentes.
Enquanto isso, a cidade de Buenos Aires tem os níveis mais baixos de catástrofe social: 25,5% dos habitantes de Buenos Aires são pobres e 8,5% são indigentes, apesar de ter um PIB per capita semelhante ao de um país europeu.
Com fortes mensagens de rejeição à administração do presidente Milei, os diferentes setores da oposição mais linha-dura se reuniram na Plaza de Mayo, na festa de São Caetano, para exigir «pão e trabalho» e deixar uma mensagem desafiadora ao chefe de Estado, a quem prometeram enfrentar porque, conforme indicado no final do evento, ele promove o «extermínio social».
Entre os líderes que apareceram no palco estavam os secretários gerais da CGT, Héctor Daer e Pablo Moyano, acompanhados por outros sindicalistas, como Rodolfo Daer, Omar Plaini, Roberto Baradel e Sonia Alesso, entre outros;
Também houve a presença de autoridades da província de Buenos Aires, como Andrés Larroque, Carlos Bianco, Walter Correa, Daniel Menéndez e Gildo Onorato, próximos ao governador Axel Kicillof.
O Movimiento Evita, a Corriente Clasista y Combativa, Barrios de Pie e Libres del Sur foram alguns dos grupos que se localizaram mais perto do palco, que foi montado com dois reboques de caminhão.
No início da mobilização no bairro portenho de Liniers, o ponto de partida, líderes do grupo kirchnerista «La Cámpora», como o senador Eduardo «Wado» de Pedro e Lucía Cámpora, a secretária geral da organização liderada por Máximo Kirchner, estavam entre os presentes.