REDE ARGENTINA, 8 jun — O governo do presidente Javier Milei disse neste sábado (8) não ter informações sobre brasileiros envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro que fugiram do Brasil e pediram refugio na Argentina.
A declaração foi feita por a ministra de Segurança da Argentina, Patrícia Bullrich. Ela disse ainda não ter recebido o pedido do governo brasileiro e afirmou que não tem constância da entrada de brasileiros foragidos. «Até agora, não temos nenhuma informação desse tipo. Não temos alerta vermelho sobre essas pessoas», afirmou Bullrich em entrevista para a Rádio Mitre, de Buenos Aires.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, disse na sexta-feira ao site de notícias brasileiro G1que deve ser encaminhada, na semana que vem, a lista com os pedidos de extradição de envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro que se refugiaram na Argentina.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) duvida ssobre a reação do governo do Javier Milei, que é próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. «Vamos listar todos os condenados que possivelmente estejam na Argentina e encaminhar os pedidos de extradição, tudo em articulação com o Ministério de Relações Exteriores e Supremo Tribunal Federal», disse Andrei Passos ao G1.
Para Bullrich (foto), terceira colocada nas presidenciais vencidas por Milei em 2023, o pedido de extradição, «por enquanto, é uma propaganda».
«Uma coisa é que o Brasil peça (a extradição), outra é que haja já um processo, uma condenação. É difícil pedir extradição se não uma causa judicial, ou um alerta de algum tipo. Também não temos nenhuma lista (de brasileiros). Por enquanto, isso se mantém como uma propaganda, mas não em um fato jurídico».
Esta foi a primeira manifestação do governo argentino após a PF dizer que iria enviar o pedido de extradição.
O deputado Eduardo Bolsonaro fez um encontro em Buenos Aires em maio com fugitivos que dissem ter pedido asilo político na Argentina.
Investigações da operação Lesa Pátria apontam que foragidos dos ataques contra a democracia entraram na Argentina e pediram refúgio naquele país.
Alguns desses foragidos, cerca de 65, foram mapeados pelas autoridades argentinas. Nenhum deles passou pelos controles migratórios, disse o site de notícias brasileiro UOL.
Os fugitivos usavam tornozeleiras eletrônicas e, em 2024, após a posse de Milei, escaparam por terra para a Argentina. Vários deles confessaram ao UOL que quebraram a tornozeleira e entraram na Argentina em ônibus e carros de passeio.
Os bolsonaristas são condenados por terem tentado um golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 para derrubar o presidente Lula.