REDE ARGENTINA, 12 dez —  O presidente  Javier Milei ativou a motosserra prometida na economia argentina e, para reduzir o déficit fiscal, desvalorizou o peso em 118%, cancelou todas as obras de infraestrutura, liberalizou as importações e reduziu os subsídios de energia e transporte para a classe média como parte de um plano de combate à inflação. O anúncio foi feito pelo Ministro da Economia, Luis Caputo, em uma mensagem gravada de 17 minutos, na qual antecipou que nos próximos meses a situação será pior do que a atual, mas que a transição será necessária para ajustar a macroeconomia.

«Se seguir como estamos vamos ter hiperinflação. O objetivo é neutralizar a crise», disse o ministro Caputo, expresidente do Banco Central durante o governo do presidente Mauricio Macri (2015-2019).

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O ministro da Economia, Luis Caputo

O principal anuncio foi a desvalorizaçao da cotaçao oficial do peso, que pasara dos 365 pesos para 800. Cotação do peso em relação ao dólar vai valer 800 pesos; hoje cada dólar vale 365 pesos. «Vamos ajustar a taxa de câmbio oficial para que os setores produtivos tenham os incentivos adequados para aumentar a produção». 

Também adelantou que haverá aumento o imposto dasexportacões não agropecuarias.

Numa medida inédita na história argentina, o ministro Caputo decidiu suspender novas licitações de obras públicas e cancelar licitações de obras públicas que ainda não começaram.  «Não há dinheiro para pagar mais obras públicas, que, como sabemos, muitas vezes terminam no bolso de políticos e empresários. As obras públicas têm sido desde sempre um dos focos de corrupção do estado e conosco isso termina. As obras de infraestrutura na Argentina serão realizadas pelo setor privado, já que o estado não tem dinheiro nem financiamento para executá-las».

Milei defendeu aplicar o modelo chileno, com obras financiadas 100% pela iniciativa privada e financiadas por privados. Também eliminou um sistema de transferencias de recursos para as províncias.

Um ponto fundamental foi a redução do  subsídio à energia e aos transportes. Na prática, as contas de luz e gás aumentarão, assim como as tarifas de trens e ônibus em toda a região metropolitana de Buenos Aires. 

«O estado sustenta artificialmente preços baixíssimos de tarifas de energia e de transporte por meio de subsídios. A política sempre fez isso porque dessa forma engana as pessoas, fazendo-as acreditar que estão recebendo dinheiro extra. Mas os argentinos já devem ter percebido que esses subsídios não são gratuitos, uma vez que são pagos com inflação: o que te dão com o preço da fatura, te cobram com os aumentos no supermercado. E, com a inflação, são os pobres que acabaram financiamento os ricos. Além disso, o subsídio na região metropolitana são um ato de discriminação com as províncias», disse Caputo.

O ministro Caputo disse que o objetivo era reduzir os gastos em 5% do produto interno bruto e anunciou medidas compensatórias para as classes mais baixas, com aumentos no vale-alimentação e em dois outros programas sociais permanentes.

Para os exportadores brasileiros, a nova política econômica promete a ausência de barreiras alfandegárias substituindo o sistema de importação por outro que não exija informações de licenciamento prévio. O ministro justificou da seguinte forma: «Acabamos com a discricionariedade e garantimos transparência no processo de aprovação de importação. Em outras palavras, qualquer pessoa que queira importar poderá fazê-lo, ponto final.

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