REDE ARGENTINA, 13 dec.- O Senado argentino expulsou Edgardo Kueider (PJ-Entre Ríos) com o voto de mais de dois terços de todos os seus membros por «desqualificação moral», depois que ele foi preso no Paraguai ao tentar trazer mais de US$ 200.000 em dinheiro sem declarar às autoridades alfandegárias do país vizinho, em um evento sem precedentes na história parlamentar da Argentina.
A exclusão do agora ex-senador, cujo mandato expira no próximo ano e será substituído por uma militante ultra-kirchnerista de La Cámpora, foi aprovada por 60 votos a favor, seis contra e uma abstenção. O resultado excedeu em muito os dois terços dos presentes exigidos pelo Artigo 66 da Constituição Argentina para destituir um legislador nacional de sua cadeira.
Por outro lado, o pedido de suspensão de Oscar Parrilli (PJ-Neuquén) devido à sua acusação no caso do Memorando de Entendimento com o Irã foi rejeitado. A iniciativa foi promovida pela vice-presidente Victoria Villarruel e incorporada à sessão com a aprovação do governo como um tiro no pé de Cristina Kirchner, cujo aliado político é o senador Parrilli, que acusou o governo de ter cooptado com dinheiro o apoio de Kueider à Ley Bases e foi o promotor da ofensiva da Unión por la Patria para destituir o senador do cargo.
Nesse caso, a votação ficou longe da maioria agravada necessária, pois terminou com 34 votos a favor, 31 contra e a abstenção lógica de Parrilli.
A queda de Kueider foi precipitada como uma avalanche nas horas que antecederam o início da sessão do Senado, a tal ponto que, no final do debate, em um discurso confuso e breve, o líder da bancada do partido governista, Ezequiel Atauche (Jujuy), acabou anunciando que os libertários também apoiariam a exclusão. A decisão foi tomada na Casa Rosada.
No final, o Pro votou dividido entre os pedidos de Mauricio Macri para que seu partido não se aliasse ao kirchnerismo e o jogo livre de vários de seus senadores, como Luis Juez e Guadalupe Tagliaferri, de Buenos Aires, alinhados com Horacio Rodríguez Larreta, que não respondem estritamente às ordens partidárias do ex-presidente. Trinta e dois senadores da Unión por la Patria, 11 da UCR, seis de La Libertad Avanza, três do Pro e outros oito de bancadas individuais e forças provinciais votaram a favor da destituição do legislador.
O radical Maximiliano Abad (Buenos Aires), os senadores do partido Pro, Carmen Álvarez Rivero (Córdoba), Martín Goerling (Misiones), Alfredo De Angeli (Entre Ríos) e Andrea Cristina (Chubut), e o peronista Carlos Espínola (Corrientes), líder do inter-bancada «Las Provincias Unidas», do qual Kueider fazia parte, votaram contra. A abstenção veio do peronista Juan Carlos Romero (Salta), que seguiu esse caminho para não votar com o kirchnerismo.
O pedido de destituição e prisão emitido pela manhã pela juíza federal Sandra Arroyo Salgado, que o investiga no país por enriquecimento ilícito, e as declarações feitas por Javier Milei – “Eles têm que expulsá-lo”, disse o chefe de Estado em um programa libertário transmitido pela Internet – foram fundamentais para desencadear o desastre.