REDE ARGENTINA 26 set – O governo de Javier Milei aumentou a pobreza na Argentina em 11 pontos percentuais em seis meses, chegando a 52,9% no primeiro semestre do ano. Milei assumiu o cargo em dezembro com 41,7% de taxa de pobreza.
Durante os seis meses de aumento da pobreza na Argentina, o próprio presidente defendeu o fato de que estava realizando o maior ajuste econômico da história da humanidade por meio de sua principal bandeira eleitoral, a motosserra, símbolo do corte de gastos e investimentos para reduzir a inflação.
Esse é o pior índice de pobreza desde 2003, quando a Argentina estava tentando se recuperar de uma recessão de quatro anos e de un violento colapso social causado pelo ‘corralito’, o confisco dos depósitos bancários das pessoas pelo governo do presidente Fernando de la Rúa, que renunciou em 2001.
O Índice de Pobreza na Argentina atingiu 52,9% no final do primeiro semestre do ano, acima dos 41,7% no final do ano passado e dos 40,1% em janeiro-junho de 2023, informou hoje o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec, oficial).
Enquanto isso, o Índice de Pobreza Extrema ou Indigência, entendido como os pobres cuja renda não é suficiente nem mesmo para comprar a quantidade mínima de alimentos para a subsistência, ficou em 18,1%.
No final do ano passado, o indicador tinha subido para 11,9% e, entre janeiro e junho de 2023, ficou em 9,3%.
Com uma população estimada em 47 milhões, esse índice implica que 24,8 milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza e, entre elas, 8,5 milhões não têm condições de se alimentar.
O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, disse que “se a hiperinflação não tivesse sido evitada, a pobreza teria aumentado de cerca de 40% para cerca de 95%”.
Entre o final de 2023 e junho deste ano, a inflação chegou a 79,8% e, embora o índice salarial tenha aumentado 84,3% no primeiro semestre do ano, nem todos os funcionários tiveram o mesmo aumento. Apenas os trabalhadores registrados no setor privado tiveram um aumento acima da inflação, registrando um aumento de 93,6%, enquanto a renda dos funcionários públicos aumentou 73,3% e a dos trabalhadores informais 69,8%, informou o Indec.
Durante o primeiro semestre do ano, o nível de atividade econômica caiu 3,2%, e a taxa de desemprego subiu de 5,7% no final de 2023 para 7,6% no final de junho, de acordo com dados do Indec.
O economista Julián Cuenca disse que “na década de 1990, não ter um emprego era sinônimo de pobreza. Agora o problema é que você pode estar trabalhando e sua renda não ser suficiente.
“Desde a crise de 2008/2009, o PIB argentino permaneceu quase inalterado, mas a população continua a crescer, de modo que estamos sempre dividindo o mesmo bolo, mas entre mais pessoas, e isso, aqui e em qualquer outro país, leva a um aumento dos níveis de pobreza e a uma maior concentração de renda”, advertiu Cuenca, da empresa de consultoria ‘Economía y Sociedad’, em declarações à Rede Argentina.