Lula da Silva e o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof

REDE ARGENTINA, 12 ago — O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, receberá nesta terça-feira, no Palácio do Planalto, o governador da província de Buenos Aires e principal rival de Javier Milei, Axel Kicillof, que está viajando a Brasília para buscar oportunidades de investimento e comércio bilateral.
O gesto de Lula ocorre em um momento em que não há relação pessoal entre ele e Milei, que ratificou suas agressões verbais contra o brasileiro durante a campanha.

Kicillof realiza uma ação de  diplomacia provincial e viajará ao Brasil para se reunir com os principais ministros do governo Lula, em busca de financiamento e aumento do comércio com o principal parceiro comercial da Argentina. O governador sera recebido ás 11 no Planalto, conforme a agenda oficial.

O anúncio foi feito depois que o governo federal de Javier Milei excluiu a província de Buenos Aires de um dos principais projetos de gás da Argentina, o escoamento marítimo do gás produzido nos megacampos de Vaca Muerta, na província de Neuquén, no sul do país.

O ministro do governo de Buenos Aires, Carlos Bianco, anunciou hoje que Kicillof, ex-ministro da economia de Cristina Kirchner e governador reeleito do principal distrito da Argentina em 2023, terá uma agenda de alto nível na Esplanada dos Ministérios.

Kicillof se reunirá com o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

«São três reuniões muito importantes», disse Bianco. Além disso, haverá uma reunião com líderes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com Bianco.

O objetivo, de acordo com a administração provincial, é «avançar nas ações de cooperação econômica em termos de investimentos e projetos produtivos» no distrito de Buenos Aires.

Milei ainda não viajou ao Brasil em uma visita de Estado, mas o fez para se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro em junho passado durante uma convenção de extrema direita em Balneário Camboriú.

O libertário argentino se recusou a pedir desculpas a Lula por tê-lo chamado de comunista e ladrão para estabelecer um relacionamento, de modo que as relações entre os principais parceiros do Mercosul estão em níveis ministeriais e técnicos da diplomacia.

Kicillof é considerado o principal líder da oposição ao governo de Milei e é candidato à presidência para 2026. Doutor em Economia pela Universidade de Buenos Aires com medalha de ouro, Kicillof é um keynesiano do movimento peronista que foi ministro da Economia no final do segundo governo de Cristina Kirchner (2007-2015).

O objetivo é «avançar as ações de cooperação econômica em termos de investimento e projetos produtivos para a província de Buenos Aires», disse Bianco.

A delegação incluirá os ministros do governo, Carlos Bianco; da Fazenda, Pablo López; e a ministra das Comunicações, Jesica Rey.

Em março passado, o governador de Buenos Aires realizou uma videoconferência com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do BRICS, Dilma Rousseff.

Um dos pontos discutidos foi que o banco do BRICS «poderia fornecer empréstimos à província de Buenos Aires» para a realização de grandes obras. O portfólio de investimentos do NDB inclui «programas de infraestrutura em transporte, energia renovável, água e saneamento, desenvolvimento urbano e projetos ambientais», entre outros.

Buenos Aires é a maior província da Argentina em termos de tamanho econômico e população. Contribui com 39% do PIB da Argentina, um impacto semelhante ao do estado de São Paulo no Brasil.

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