REDE ARGENTINA, 22 jul — A Anistia Internacional (AI) enviou uma carta à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e às Relatorias Especiais sobre defensores de direitos humanos para alertar sobre o recrudescimento dos ataques à liberdade de expressão na Argentina.
Nesse sentido, consideraram que, até o momento, durante a gestão do presidente Javier Milei, “cerca de 30 jornalistas foram perseguidos nas redes sociodigitais e na mídia”.
A diretora executiva da Anistia Internacional Argentina, Mariela Belski, disse que “o atual governo está no poder há apenas alguns meses, mas estamos testemunhando como o confronto, o ódio, o medo e as notícias falsas violam as regras básicas do Estado de Direito”.
Na declaração divulgada hoje, eles alertaram que a rede sociodigital X (antigo Twitter) “se tornou a ferramenta preferida do governo para acusações e denúncias. Por meio de postagens e repostagens, jornalistas e comunicadores têm estado na linha de frente do ataque: ‘mentirosos’, ‘envelopados’, ‘idiotas’, ‘violentos’, ‘agressivos’, ‘desprezíveis’, ‘imbecis’, são alguns dos adjetivos e insultos escolhidos”.
E mencionaram alguns dos jornalistas agredidos, entre eles Jorge Lanata, Jorge Fontevecchia, María O’Donnell, Marcelo Bonelli, María Laura Santillán, Martín Rodríguez Yebra, Joaquín Morales Solá e Marcelo Longobardi.
Na carta, a ONG também questionou a arbitrariedade com que o governo decidiu retirar o credenciamento da jornalista Silvia Mercado. E alertou sobre o anúncio feito pelo porta-voz da presidência de emitir diretrizes para o credenciamento na Casa Rosada, que poderia se tornar um exercício arbitrário e seletivo para limitar as vozes que podem fazer perguntas e investigar as medidas do governo.
A Anistia Internacional revelou ainda que esses ataques costumam ter raízes mais profundas quando as vítimas são mulheres. “Isso tem um impacto direto não apenas na redução do debate público, mas também na saúde das pessoas afetadas”, acrescentaram.
“Uma imprensa independente e crítica é um elemento fundamental do estado de direito. Quando o agressor é o presidente da nação, é claro que isso terá um efeito ainda mais profundo sobre o discurso dos outros, colocando em risco o direito à liberdade de expressão e informação. Mas, além disso, a manifestação de ódio contra os profissionais da imprensa apenas permite e promove o assédio, as ameaças e a violência. De fato, a palavra do funcionário é seguida por uma enxurrada de mensagens que reproduzem a agressão e a hostilidade”, enfatizaram.