REDE ARGENTINA, 28 mai – O presidente da Argentina, Javier Milei, fez a mudança mais importante no elenco ministerial antes de completar seis meses no comando do país, com a renúncia de Nicolás Posse como chefe dos ministérios (Casa Civil), cargo que foi assumido por seu ex-ministro do Interior, o experiente articulador político Guillermo Francos.
Dessa forma, Milei reduziu a cota “libertária” do comando do gabinete ministerial e colocou um membro da velha política com o objetivo de, pelo menos, conseguir a aprovação de uma lei de reforma econômica no Congresso.
O novo chefe de gabinete disse que sua nomeação se deve ao fato de que “é necessário coordenar os momentos políticos pelos quais o país está passando com as ações do governo”.
“O presidente (Javier Milei) me escolheu porque percebe que a política argentina é complicada para ele, porque ele não a entende, porque tem diferenças”, disse a autoridade nacional.
“Tenho uma possibilidade maior de diálogo e é daí que vem minha proposta. Essa proposta já veio do Ministério do Interior, mas agora temos que coordenar isso com as equipes do governo”, disse o novo coordenador dos ministérios.
Com relação à renúncia de Posse, ele explicou: “Montar um governo a partir do ponto em que estamos gera desgaste. Posse e o presidente certamente tiveram diferenças que levaram a essa situação. E, em um determinado momento, parecia que a situação era insustentável e ele renunciou. Naquele momento da situação, era a coisa mais aconselhável a fazer para pôr fim a todas as especulações e começar uma nova fase.
Além disso, ele ratificou a intenção de Milei de adicionar formalmente Federico Sturzenegger, ex-presidente do Banco Central no governo Mauricio Macri (2015-2019) ao governo: “Ele quer trazer para o gabinete uma pessoa capaz de analisar a regulamentação argentina e discutir com todos os membros do gabinete sua visão do que deve ser o processo de simplificação e desregulamentação de nossas complexas regulamentações públicas”.
Perguntado sobre a possibilidade de incorporar líderes da oposição ao governo, o chefe de gabinete respondeu: “O presidente está aberto a incorporar líderes que sejam capazes, honestos e que tenham a mesma concepção e adotem as ideias de liberdade. Em todos os setores políticos há pessoas com grande capacidade. Vamos conversar uns com os outros”.
Por fim, Francos admitiu que a aprovação da Lei Bases é “quase uma obsessão” para ele “por causa das duas ou três questões fundamentais que ela levanta e que permitirão investimentos em setores que gerarão muitas divisas e crescimento na Argentina, como mineração, petróleo e gás”.
“Esse é um marco importante para a decolagem da economia, para a geração de investimentos”, concluiu.
Francos não deixará de ser responsável pelas tarefas que desempenhava no governo, pois, de acordo com as disposições do decreto 473/2024, o chefe de gabinete absorverá as tarefas do Ministério do Interior. A Secretaria do Interior, por sua vez, será chefiada por Lisandro Catalán.
A reformulação do gabinete ocorre seis dias após o presidente ter defendido o rumo econômico em um lançamento de livro no qual cantou uma música da banda de rock La Renga na famosa casa de shows Luna Park, no centro de Buenos Aires.