Pablo Giuliano
REDE ARGENTINA, 24 mai — O CEO e proprietário da centenária vinícola Luigi Bosca, Alberto Arizu, garantiu que a produção de vinho da Argentina está atualmente em seu auge, produzindo os melhores vinhos de sua história, com o objetivo de competir nos mercados internacionais mais exigentes, como o Brasil.
Ele também disse que vê o Brasil como uma das futuras estrelas do mercado mundial de vinhos.
«Nos últimos anos, a Argentina ganhou experiência e conhecimento técnico que foram combinados com uma geração jovem, e isso criou uma simbiose maravilhosa. Hoje a Argentina está fazendo os melhores vinhos de sua história, digo isso com todas as letras, não tenho dúvidas de que a Argentina está no auge, fazendo os melhores vinhos de sua história», disse Arizu em entrevista à Rede Argentina, em São Paulo.
Em 22 de maio, Arizu apresentou em São Paulo o vinho Los Nobles Malbec DOC 2021, que leva a Certificação de Origem Controlada Lujan de Cuyo, cuja criação foi liderada por seu pai, Alberto, na década de 1990, e mudou a história dos vinhos argentinos.
Desde então, a vinícola, que foi fundada em 1901 e atualmente é administrada pela quarta geração da família Arizu, tem estado na vanguarda do setor de vinhos na Argentina.
A DOC (Denominação de Origem Controlada Luján de Cuyo) nasceu com a ideia de proteger um patrimônio: os bons vinhos de Luján de Cuyo, Mendoza, e em especial os de Malbec.
Na entrevista à Rede Argentina, Arizu disse que o momento atual dos vinhos argentinos, tanto no mercado nacional quanto no internacional, é bem-sucedido porque se deve a uma «mistura entre a velha geração que fez a Argentina grande, que lançou as bases da viticultura, com uma nova geração de enólogos entusiastas e conhecedores que interpretam muito bem os gostos dos consumidores e um conhecimento técnico muito relevante».
Esse conhecimento, acrescentou, levou a uma melhor compreensão do solo, do clima e da tecnologia.
«Essa simbiose foi feita de forma fantástica e permitiu que a Argentina produzisse alguns dos melhores vinhos de sua história», explicou.
Arizu disse que um dos segredos da vinícola fundada em 1901 por seus ancestrais imigrantes da Espanha é explorar pessoalmente os mercados. A Luigi Bosca tem 250 pessoas trabalhando e todos estão buscando manter o nível da marca, tão famosa que aparece claramente, sem ser uma jogada de marketing, no filme indicado ao Oscar 2024, American Fiction.
«O Brasil não é apenas um mercado importante para nós, mas um mercado estratégico. Acredito profundamente que o Brasil é um dos países que registrará um dos maiores crescimentos no consumo de vinho no futuro», disse ele.
Ele disse que há 25 anos viaja ao Brasil para consolidá-lo como um grande mercado para os vinhos argentinos.
«Há 25 anos vim ao Brasil para tentar mostrar nossos vinhos, promover essa cultura de vinhos de qualidade, de vinhos de luxo, e encontrei um mercado permeável, com um mercado diferente do que temos hoje, um mercado que evoluiu de forma fenomenal, e que acredito que será uma grande surpresa para a indústria mundial do vinho nos próximos anos», disse.
De acordo com Arizu, há muitos anos ele tem se surpreendido com o nível de conhecimento do vinho brasileiro.
«Não era comum no resto da América Latina ver pessoas com tanto conhecimento, que obviamente se concentrava em grandes cidades como São Paulo. Se você saísse de São Paulo, ou de uma parte do Rio, ou até mesmo de cidades como Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, encontrava um pequeno núcleo de consumidores muito importantes, com um conhecimento muito notável, e isso me chamou a atenção».
«O Brasil evoluiu muito nos últimos anos, a cultura do vinho se tornou muito mais expansiva, há mais consumidores qualificados desse tipo, mas há também uma nova geração, em 25 anos há uma nova geração de pessoas que agora são jovens, que entraram no mundo do vinho, que são apaixonados pelo mundo do vinho, e fizeram com que o Brasil crescesse organicamente da forma como cresceu em termos de consumo».
Nessa linha, disse que a Argentina, vizinha e principal parceira do Mercosul, tem vantagens devido às baixas barreiras culturais e à afinidade social, cultural e econômica.
«Isso permitiu que o consumidor brasileiro conhecesse a Argentina mais do que qualquer outro consumidor no mundo. Eu sempre digo que temos uma enorme vantagem como argentinos, como país produtor, uma enorme vantagem de ter o Brasil ao nosso lado. No mundo do vinho, no negócio do vinho, isso faz uma grande diferença», afirmou.