REDE ARGENTINA, 12 abr — A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, disse que as empresas brasileiras serão as primeiras a se beneficiarem da abertura econômica e da liberalização das importações que estão sendo realizadas pelo governo do presidente de extrema direita Javier Milei.
Em entrevista à Folha de S. Paulo antes de sua viagem de três dias, que começa na próxima segunda-feira, a economista Mondino fez do Brasil uma das prioridades da administração de Milei, apesar do fato de não haver diálogo direto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Milei, que chamou de comunista corrupto ao fundador do Partido dos Trabalhadores (PT).
«(A prioridade é) tudo o que é comércio exterior. Devido às medidas que a Argentina havia tomado em relação aos controles cambiais durante vários anos, tornou-se muito difícil para as empresas brasileiras colocarem seus produtos na Argentina, e, por sua vez, a Argentina tem se fechado e exporta cada vez menos. O comércio entre os dois países tem diminuído. Segue sendo o principal parceiro comercial, mas, em termos relativos, é menor», disse Mondino a Folha.
«Estamos abrindo a economia o mais rápido possível. Em muitos casos, os principais fornecedores alternativos são do Brasil, então é provável que o Brasil seja o país que mais rapidamente se beneficie dessa abertura econômica. Não depende do governo, o governo estabelece regras claras para todos, e haverá empresas brasileiras que estão mais próximas da Argentina e entendem melhor o que está acontecendo e que provavelmente se integrarão mais rapidamente ao nosso mercado do que uma empresa que esteja, por exemplo, na Europa».
Mondino manterá um encontro na segunda feira com o chanceler Mauro Vieira em Brasilia e depois durante dois dias manterá encontros empresariais em São Paulo, onde participará de um seminario na sede da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
«A mensagem é que a Argentina está fazendo muitas reformas para melhorar rapidamente a situação econômica e social e que será um excelente parceiro comercial para comprar e vender. O controle cambial [o chamado «cepo», um emaranhado de regras que restringem importações na Argentina e que Milei promete derrubar neste ano] não é um assunto fácil, mas as restrições ao acesso a capitais, quem pode comprar em que condições e as permissões para importar estão sendo resolvidas o mais rápido possível. São todas desregulamentações que o Banco Central está fazendo, retirando camadas de regulamentação», disse a ministra.