REDE ARGENTINA, 6 mar (Geopagos) — Embora esteja perdendo terreno minuto a minuto, o dinheiro em espécie ainda é um dos principais meios de pagamento no varejo da América Latina.

Por que a substituição por meios digitais de pagamento promove o desenvolvimento e o crescimento econômico? O proprietário de um negócio de venda de gás envasado em uma pequena cidade tem uma rotina bastante regular ao longo do ano. Gerenciar e receber o gás; registrar e entregar os pedidos em domicílio; vender no estabelecimento; lidar com a administração geral. Isso é o que ele faz quando perguntado como passa o tempo.

Além, é claro, do tempo dedicado ao atendimento personalizado de seus clientes fiéis. Mas quando questionado sobre a administração do dinheiro em espécie, a conversa muda.

Há algo mais. Os pagamentos são guardados em um cofre, que ele verifica todas as tardes antes de encerrar o expediente, quando faz a contagem diária. Com sorte, no final da semana não haverá diferenças que possam gerar alguma discussão com os funcionários.

Para pagar seus fornecedores, ele tem duas opções. Pode depositar dinheiro em um cofre embutido no caminhão que transporta o gás (onde geralmente há «diferenças» com o fornecedor). Ou pode ir ao banco duas ou três vezes por semana com sacolas carregadas de notas para fazer, após contagem, uma transferência bancária.

Vivendo na Argentina, a alta inflação agrava a situação, já que o número de notas aumenta quase todas as semanas. O maior problema, no entanto, é a insegurança.

Felizmente, ele nunca enfrentou grandes problemas. Mas o estresse, mesmo nessa pequena cidade, sempre cobra seu preço.

Essa mesma história se repete todos os dias em milhares de cidades em toda a América Latina, com empresas que precisam dedicar muito tempo e recursos apenas para administrar dinheiro em espécie. À medida que o volume aumenta, os custos também crescem: armazenamento, segurança privada, transporte de valores, máquinas de contagem, detectores de notas falsas, mais pessoal, etc.

Em nível macro, a equação é ainda mais complexa. Ao custo de imprimir papel-moeda suportado pelos bancos centrais, somam-se logística, manutenção, seguros e outros custos associados, que, segundo a McKinsey, variam entre 5 e 10% dos custos operacionais dos bancos. Custos que, de uma forma ou de outra, acabarão chegando aos consumidores.

O custo do dinheiro em espécie é um dos maiores desafios para qualquer empresa. Um custo oculto, naturalizado pelo uso constante, mas que, uma vez descoberto, revela a dimensão dos problemas que envolve.

De acordo com um estudo da Mastercard, o dinheiro em espécie está perdendo terreno na América Latina; o número de pessoas que usam apenas dinheiro diminuiu de 45% para 21% entre 2020 e 2023. Essas pessoas adotaram novos meios de pagamento, como cartões ou carteiras virtuais, enquanto do outro lado do balcão, as pequenas empresas começaram a oferecer cada vez mais soluções de pagamento.

Transferências em um caso, código QR em outros, mPos, Smartpos e outras modalidades inovadoras simplificam o dia a dia de milhões de pessoas e tornam as transações mais transparentes e seguras.

Com o surgimento das criptomoedas e a quase total digitalização implementada em países como China ou Suécia, as instituições financeiras estão se perguntando cada vez mais se estamos diante da morte do dinheiro em espécie.

Segundo o Deutsche Bank, o dinheiro em espécie está longe de desaparecer. A informalidade nos mercados emergentes, como na América Latina, ainda é muito alta e, lá, o dinheiro em espécie ainda é dominante. Para o cidadão comum em países europeus ou da América do Norte, as notas não são sinônimo de economia ou acumulação, mas de troco, dinheiro no bolso. Em 2023, por exemplo, a Índia eliminou sua nota de maior denominação, de 2.000 rupias. E estima-se que dois terços das notas de 100 dólares permaneçam fora dos Estados Unidos.

Apesar de ainda estar alguns passos atrás, a América Latina deu passos firmes em direção a uma economia cada vez menos dependente do dinheiro em espécie.

Especialmente os avanços em transferências instantâneas, um dos principais impulsionadores para substituir as notas nas transações cotidianas. Pix no Brasil, Transferências 2.0 na Argentina ou o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) na Colômbia têm gerado um impacto positivo junto com o vibrante desenvolvimento do ecossistema Fintech regional.

Uma economia com menos dinheiro em espécie é uma economia melhor. Mas, acima de tudo, é uma melhoria na vida cotidiana das pessoas.

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