Geleira Perito Moreno

REDE ARGENTINA, 13 jan —  A Patagônia, para os argentinos, é tão inspiradora quanto a Amazônia é para os brasileiros. «É surreal». Esse ponto de contato da aventura, mistério e pioneirismo em lugares de distâncias imensas é uma das características que o jornalista Mario Markic, especialista em crônicas e relatos de viagem, enxerga nas duas regiões, ao assumir o cargo de secretário de Turismo da província de Santa Cruz, que tem duas joias do turismo mundial, El Calafate, onde fica a geleira Perito Moreno, e El Chalten, a capital do trekking argentino.

Markic está lançando uma aposta de alto impacto e disse que tentará promover um voo dir eto entre São Paulo, a maior cidade da America do Sul, e El Calafate.

O Glaciar Perito Moreno

«Estamos dando toda a nossa atenção aos turistas brasileiros. Primeiro porque eles estão próximos de nós, são turistas que se sentem próximos de nós, querem e gostam da Patagônia como um todo. A grande novidade é que agora eles aprenderam a caminhar sobre o gelo», disse Markic em uma entrevista à REDE ARGENTINA.

O «gelo» de que fala Markic, um dos jornalistas mais viajados da Argentina, quando ainda não existiam redes sociais ou influenciadores, é o Glaciar Perito Moreno, uma das maravilhas naturais do mundo, que pode ser alcançado a partir de El Calafate, uma das cidades mais procuradas por turistas estrangeiros, especialmente brasileiros.

Dos 6,5 milhões de turistas que a Argentina recebeu em 2023, quase 2 milhões eram brasileiros, de acordo com dados do Instituto Nacional de Promoção do Turismo (Inprotur).

Recém-empossado no cargo, Markic disse que Santa Cruz está ciente da importância do Brasil para o funcionamento do turismo receptivo na Argentina.

«Estou ciente da inestimável presença dos brasileiros. Desde que eles começaram a vir para Bariloche com o esqui, agora, no inverno, fiquei surpreso porque vi grupos de brasileiros em El Chalten e Calafate. Isso abriu meus olhos com grandes expectativas, estou prestando toda a minha atenção neles, tenho a sensação de que os brasileiros vieram para ficar, são um público muito importante para nós», garantiu.

O Glaciar Perito Moreno

Para saber mais sobre o mercado de turismo brasileiro na Argentina, Markic se reuniu recentemente com o embaixador argentino em Brasília, o ex-vice-presidente Daniel Scioli.

Para Markic, a desregulamentação das operações aéreas implementada pelo presidente Javier Milei será um incentivo a mais para receber turistas argentinos e estrangeiros.

«Agora temos uma política de céus abertos que o presidente empreendeu e talvez seja necessário pensar na possibilidade de voos diretos do Brasil para El Calafate. Seria ótimo se as empresas brasileiras pudessem vir para Calafate.

«Estou muito interessado no público brasileiro, quero conhecê-lo a fundo, saber seus desejos para o turismo nesta parte remota da Argentina», disse ele.

O secretário de Turismo, Mario Markic

Sobre El Calafate, que tem voos diretos de Buenos Aires, Markic disse: «Calafate é a oportunidade única no mundo de poder tocar uma geleira, caminhar por ela, navegar por ela, ter uma experiência fabulosa. É uma das experiências mais cobiçadas do planeta. Com uma oferta gastronômica para o público estrangeiro, com cozinha gourmet, o clássico cordeiro patagônico, pousadas tradicionais e a atração das fazendas. É uma pequena cidade com locais de pintura rupestre, lojas próprias de chocolate, artesanato e todos os serviços.

Sobre El Chaltén: «El Chaltén é algo quase milagroso. Fui lá pela primeira vez a cavalo com um guarda florestal quando não havia estradas ou infraestrutura para chegar ao Cerro Fitz Roy. O Cerro Fitz Roy e o Cerro Torre são o paraíso dos montanhistas porque são picos verticais com um cenário fabuloso de lagos e geleiras. Em El Chaltén, você sai do hotel e sempre chega a um lugar idílico com vistas maravilhosas, entre montanhas e lagos».

A província de Santa Cruz, que faz fronteira com o Chile, é tão grande quanto a Itália ou o Reino Unido. Markic destacou que há várias atrações além de El Chaltén e Calafate, como os 600 quilômetros da emblemática Ruta 40, algo como a aventureira e literária Ruta 66 nos Estados Unidos ou a Estrada Real no sudeste do Brasil.

Trilhas mágicas no El Chaltén rumo ao Cerro Fitz Roy

Destaques marcantes para fora do circuito Calafate-Chaltén Los Antiguos, localizado ao norte de El Chaltén, onde são cultivadas frutas finas, tem uma passagem pela Cordilheira dos Andes até o Chile e atrações como o Lago Buenos Aires e as cavernas conhecidas como Catedrais de Mármol.

Do outro lado da província, encontra-se a chamada Rota Azul, que corre ao longo do Atlântico Sul, uma etapa importante na história mundial porque, lembrou Markic, a primeira viagem ao redor do mundo realizada pelo português Hernando de Magalhães ocorreu lá.

De acordo com Markic, a palavra Patagônia foi conhecida lá pela primeira vez, embora a origem seja controversa. Alguns historiadores dizem que os conquistadores da coroa espanhola os chamavam de patagones devido ao tamanho dos pés grandes dos povos indígenas da região, como os Onas e os Tehuelches. Outros historiadores, por outro lado, atribuem o nome patagônia ao nome de um vilão chamado Patagón nos romances de cavalaria medievais. «Aqui passaram os piratas que você pode imaginar, Drake, Cavendish. Todos eles fazem parte da história de Puerto Deseado», disse o Secretário de Turismo de Santa Cruz.

Puerto Deseado

Pinguins, leões marinhos, toninhas e peixes de todos os tamanhos fazem parte da paisagem desafiadora da costa de Puerto Deseado. «Queremos colocar Santa Cruz na rota dos navios de cruzeiro que vêm para o sul do mundo. É uma região fantástica, é como chegar a um lugar dos sonhos, nosso litoral é muito atraente para o desenvolvimento do turismo em uma área inóspita, um mar diferente para os brasileiros».

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