(Rede Argentina) —  O presidente Alberto Fernández disse na quinta-feira que a entrada da Argentina no mecanismo BRICS a partir de 2024 representa uma «nova oportunidade» para o país.

Falando em rede nacional de televisão após ser incorporado ao mecanismo por iniciativa do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, Fernández enfatizou que o bloco representa 24% do PIB mundial.

Vamos ser protagonistas de um destino comum em um bloco que representa mais de 40% da população mundial», disse ele, acrescentando: «Nossa entrada no BRICS é uma meta consistente com nossa busca para projetar nosso país como um interlocutor-chave e um potencial construtor de consenso em colaboração com outras nações».

A cúpula de presidentes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizada em Joanesburgo determinou a entrada no grupo da Arábia Saudita, Argentina, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã e Egito.

Fernández garantiu que «a Argentina foi, é e será um país integracionista. É política de Estado buscar a integração». «Fazer parte do Brics nos fortalece e não exclui outras instâncias de integração, e muito menos a orgulhosa participação argentina no sistema multilateral das Nações Unidas», disse.     

«Nova Oportunidade»

Fernández, que deixará o cargo em 10 de dezembro e, durante seu governo renegociou uma dívida de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional contraída por seu antecessor, Mauricio Macri, disse que a entrada no grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul representa «uma nova oportunidade» para o país.

«Queremos aproveitá-la para o benefício dos argentinos, especialmente daqueles que mais precisam. É o coração de nossa política externa, a projeção para o mundo de um povo pacífico, amigável, realista e digno», disse.

Os novos membros entrarão em 1º de janeiro de 2024, disse o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa. «Com esta cúpula, o BRICS inicia um novo capítulo», disse Ramaphosa.

O presidente Lula deu as boas-vindas aos novos membros durante seu discurso de encerramento da cúpula de Joanesburgo e dedicou «uma mensagem especial» ao presidente argentino Alberto Fernandez, a quem chamou de «grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento».

Ìntegra do discurso do Lula no encerramento da cúpula dos Brics sobre o ingresso da Argentina:

«Quero agradecer especialmente ao presidente Ramaphosa e a sua equipe pela calorosa acolhida nesta reunião do BRICS, a primeira cúpula presencial desde a pandemia.

A última vez que participei de uma reunião do BRICS foi em 2010.

 Estou profundamente impressionado com a maturidade do BRICS e com os resultados que conseguimos alcançar juntos.

Em 2011, a entrada da África do Sul no agrupamento conferiu maior representatividade geográfica ao contemplar uma das regiões que mais cresce no mundo. 

Muitos alegavam que somos demasiado diferentes para forjar uma visão comum.

A experiência, contudo, demonstra o contrário. Nossa diversidade fortalece a luta por uma nova ordem, que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século XXI.

Neste mundo em transição, o BRICS nos oferece uma fonte de soluções criativas para os desafios que enfrentamos.

A relevância do BRICS é confirmada pelo interesse crescente que outros países demonstram de adesão ao agrupamento.

Entre os vários resultados da cúpula de hoje, ressalto a ampliação do BRICS, com a inclusão de novos membros.

Como indicou o Presidente Ramaphosa, é com satisfação que o Brasil dá as boas-vindas aos BRICS a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

Agora, o PIB do BRICS eleva-se para 36% do PIB global em paridade de poder de compra e 46% da população mundial.  

O BRICS continuará aberto a novos candidatos e, para isso, aprovamos também critérios e procedimentos para futuras adesões.

Aprovamos ainda a criação de um Grupo de Trabalho para estudar a adoção de uma moeda de referência do BRICS.

Essa medida poderá aumentar nossas opções de pagamento e reduzir nossas vulnerabilidades.

Quero ressaltar, igualmente, a decisão relacionada à reforma da governança global, especialmente em relação ao Conselho de Segurança da ONU.

Por fim, dedico uma mensagem especial ao querido Alberto Fernández, presidente da Argentina e grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento.

Continuaremos avançando lado a lado com nossos irmãos argentinos em mais um foro internacional.

Seguiremos defendendo temas com impacto direto na qualidade de vida de nossas populações, como o combate à fome, à pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Promoveremos a superação de todas as formas de desigualdade e discriminação.

Que o BRICS continue sendo força motriz de uma ordem mundial mais justa e ator indispensável na promoção da paz, do multilateralismo e na defesa do direito internacional. Muito Obrigado». 

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