(Rede Argentina) – A vitória do direitista ultraliberal Javier Milei nas eleições primárias argentinas sobre as forças políticas tradicionais evidenciou a rejeição expressa pelo candidato do Libertad Avanza à integração proposta pelo Mercosul.
As pistas podem ser encontradas nas declarações que o parlamentar vem fazendo desde 2021, quando lançou sua candidatura presidencial.
Durante uma visita ao Uruguai, ele foi questionado sobre o mecanismo criado em 1991 e que faz parte da estratégia de política externa não só da Argentina, mas também do Brasil e do outro membro fundador, o Paraguai.
Eu eliminaria o Mercosul», disse ele em Montevidéu. Não seria necessário pedir flexibilidade, como exige o governo uruguaio. Elimine-a. Por que o governo deveria estar regulando nossas transações?». No mesmo ano, Milei afirmou á CNN que a Argentina deveria ir contra o Mercosul, assim como o ex-presidente dos EUA Donald Trump fez com o Acordo de Livre Comércio da América do Norte.
«O Mercosul é uma união aduaneira que favorece os empresários que não querem competir e que vai contra os interesses da Argentina», disse o economista, que também declarou que suas intenções são ter laços apenas com potências ocidentais alinhadas com a Europa e os Estados Unidos.
No entanto, nos últimos dias, a economista líder da equipe de Milei, Diana Mondino, diminuiu as apostas de um rompimento com o Mercosul e propôs a revitalização do bloco porque «nem o mundo nem os países do Mercosul têm as mesmas necessidades ou oportunidades de quando o Mercosul foi criado».
Ela também se posicionou a favor da negociação em unidade do acordo de livre comércio com a União Europeia que está sendo negociado atualmente. De acordo com a imprensa argentina, Mondino disse que os membros do Mercosul estão se comportando mais como concorrentes entre si.
Para o Brasil, a posição da Argentina é fundamental para a revisão das polêmicas cláusulas do acordo de livre comércio UE-Mercosul. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu antes das eleições, durante a cúpula do Mercosul, com o ministro da Economia da Argentina, Sérgio Massa, que ficou em segundo lugar nas primárias obrigatórias de domingo, antes das eleições de 22 de outubro.
O Brasil e a Argentina estão negociando a chegada do gasoduto Néstor Kirchner, inaugurado por Massa e pelo presidente Alberto Fernández, que deve trazer gás mais barato para a indústria brasileira a partir do campo de Vaca Muerta, em Neuquén, na Patagônia.