O governo argentino anunciou hoje, segunda-feira, que pagará obrigações por US$ 2,7 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) com um empréstimo de US$ 1 bilhão concedido pela CAF e outros US$ 1,7 bilhão de um swap com a China.
Assim, em apenas dois meses, Argentina utilizou o equivalente a US$ 3,6 bilhões de seu empréstimo com a China, e os analistas financeiros advertem que essa dependência se aprofundará com o passar dos meses devido à falta de outras fontes de crédito.
O anúncio do pagamento de US$ 2,7 bilhões foi feito pelo ministro da Economia, Sergio Massa, que também é candidato à presidência pela União pela Pátria, uma aliança eleitoral liderada pelo peronismo.
«Argentina não usará um único dólar de suas reservas para pagar o vencimento» ao FMI, disse Massa (foto) ao anunciar a medida, embora não tenha especificado a taxa de juros a ser paga à Corporação Andina de Fomento (CAF) e à China por esses novos empréstimos.
A prestigiosa empresa de consultoria Ecolatina advertiu que o governo terá de estender o «swap» que tem com a China em US$ 5 a 8 bilhões porque o dinheiro que tem desse empréstimo não será suficiente para cobrir suas necessidades comerciais e financeiras até dezembro.
O uso desse empréstimo «já ultrapassa US$ 3,6 bilhões até o momento, e sua taxa de utilização não será suficiente para cobrir completamente as necessidades (comerciais e financeiras) do governo até dezembro», quando o próximo governo que emergir das eleições de outubro tomará posse, disse a empresa de consultoria.
Portanto, «não descartamos que, por razões de atividade (importações), taxas de câmbio e solvência (pagamento ao FMI), as negociações possam começar no futuro» com a China «para estender o acordo por mais US$ 5 bilhões, ou eventualmente US$ 8 bilhões». A dívida comercial e em yuans desse governo «só gerará desafios adicionais para a próxima administração», advertiu Ecolatina.
A dívida da Argentina com o FMI, adquirida em 2018 pelo entao presidente Mauricio Macri (2015-2019), chega a US$ 41 bilhões, e o total de seus créditos ultrapassa US$ 403 bilhões, de acordo com números oficiais.